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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Coup: um jogo de intriga e manipulação

"Não confie em ninguém!". Essa máxima deve ser aplicada ao Coup, um party-game de 2 a 6 jogadores, ambientado numa cidade-estado italiana, administrada por uma corte corrupta, no qual diversas famílias disputam o poder. O  jogo dura em média 15 minutos, é extremamente dinâmico, divertido e imprevisível.  
Coup, o party-game de blefe, dedução e manipulação.
Coup é um jogo de blefe, dedução e manipulação. Cada um dos jogadores é um representante de uma das tradicionais famílias italianas e, para atingir o controle da cidade-estado, deve influenciar personagens como o duques, capitães, condessas, embaixadores e até mesmo assassinos. Desse modo, cada jogador começa a partida com duas influências ou personagens ocultas que possuem determinadas habilidades como: coletar 3 moedas do Tesouro Central (Duque); extorquir outros jogadores (Capitão); trocar de identidade (Embaixador); assassinar outros personagens (Assassino); e evitar um assassinato (Condessa). O objetivo de Coup é manter oculta ao menos uma de suas influências até o final do jogo. 
Influências de Coup: Capitão e Condessa. 
Em Coup vale tudo, inclusive mentir para seus "colegas" sobre quais influências se tem em mãos, e, caso seu blefe seja bem sucedido, aplicar com eficácia seus efeitos. No entanto, tome cuidado ao blefar, pois os jogadores podem contestar a sua ação. Caso você de fato possua a influência, aquele que contestou deve revelar uma de suas influências. Caso contrário, é você quem sai perdendo na história. Portanto, todo cuidado é pouco nesse jogo!

O vencedor é aquele que conseguir melhor manipular os demais jogadores, escapar dos assassinatos e golpes de Estado dos colegas e revelar as influências secretas dos demais jogadores. Tal dinâmica cria um ambiente de intriga, no qual cada reação de seus "colegas" pode ser reveladora (ou não!) de suas estratégias de jogo. É preciso blefar, contestar, e, quando necessário, recuar em suas ações. 

Além disso, você pode adotar a variante "Inquisidor", que possui uma pequena mudança na aplicação dos efeitos de um dos personagens. No caso, as cartas de Embaixador são substituídas pelas de Inquisidor. O Inquisidor, além de trocar uma de suas cartas de influência com o baralho, também pode olhar uma carta de um dos jogadores e forçar a troca. 
Variante "O Inquisidor": as cartas de Embaixador são substituídas pelas do Inquisidor. 
No entanto, caso queira enriquecer de fato a experiência do jogo, recomendo fortemente que acrescente a expansão "A Reforma". Para além da mecânica tradicional de Coup, cada jogador recebe uma carta de religião (católica ou protestante), que acrescentam alianças provisórias entre aqueles que comungam da mesma religião. No entanto, tais alianças podem ser facilmente desfeitas por meio da conversão - voluntária ou forçada - à religião oposta, ação essa que pode ser realizada por qualquer jogador da mesa. 
Expansão "A Reforma": cada jogador recebe uma carta de religião. Basta pagar 1 moeda para se converter à outra religião, ou converter o "colega" por duas moedas. 
Uma única observação quanto ao número de participantes: por ser um jogo de muita interação social, a dinâmica de Coup se perde entre dois jogadores. Sem sombra de dúvidas, Coup fica muito mais divertido com três jogadores ou mais. Além disso, Coup também possui variantes para até 10 jogadores, por meio do acréscimo de cartas de influência repetidas ao jogo. No entanto, tais mudanças acarretam o aumento substancial do tempo de jogo, motivo pelo qual o party game é indicado pela Funbox para até 6 jogadores.

Em suma, jogue Coup e se divirta bastante com seus amigos!
E que a força esteja com vocês!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Board game night: jogatina entre amigos

Você pretende reunir a galera e não sabe quais jogos colocar na mesa? Está achando difícil selecionar jogos divertidos que agradem a um grupo grande de amigos? 

Pois bem, a nossa resposta para tais questões é: invista em party games! Essa categoria de jogos, além de comportar um número maior de participantes, tem como proposta muita interação social, mecânicas simples de jogo e tempo de execução menor do que os boardgames tradicionais. Afinal, por mais que War seja um jogo legal, pode ser uma experiência um tanto frustrante quando aquela partida se estende ad eternum

No último final de semana nos servirmos de diversos party games em uma jogatina entre 8 amigos. O intuito inicial do encontro era reunir a galera pra botar o papo em dia, beber umas cervejas, rachar uma pizza e, como não poderia faltar, jogar pra caramba! Também foi aquele momento especial para cooptar os amigos para o lado negro da força admirável mundo dos boardgames.

Iniciamos a noite de sábado com a expectativa de varar a madrugada e zerar todos os jogos da prateleira. Conseguimos varar a madrugada, mas, infelizmente, não jogamos tudo o que planejamos. Algumas boas opções de jogos ficaram de fora, porém nada que outra noite de jogatina não resolva. Na verdade é um bom motivo pra convidarmos novamente a galera! 

Então, vamos para um breve relato da jogatina e a adesão do grupo aos jogos.

Enquanto aguardávamos dois amigos chegarem, iniciamos a noite com Don Capollo, um party game nacional no qual cada jogador representa um astuto mafioso, que deve administrar os negócios da família e acumular muito dinheiro e poder. É um jogo bastante divertido que faz sucesso com qualquer grupo de jogadores. A temática é bem interessante, a arte das cartas atraente e, por ter uma mecânica fácil de ser apreendida, possibilitou que nosso amigo novato ganhasse a partida, colocando em prática suas habilidades natas de negociação. 

Com 6 jogadores, Don Capollo ficou bem dinâmico, competitivo e, por vezes, um tanto caótico devido às negociações paralelas. A galera curtiu pra caramba e rapidamente entrou no espírito canastrão de Don Capollo. Lealdade e camaradagem passaram bem longe da mesa de jogos!
Em Don Capollo cada jogador é um herdeiro da máfia que deve administrar os negócios lícitos e ilícitos da família.
Depois, resolvemos jogar o famoso Bang, um card game ambientado no faroeste, em que o Xerife e seus ajudantes devem combater os bandidos da cidade, eliminando o Renegado e os Fora da Lei. É um jogo com muitos tiros, esquivas, duelos, cervejas e, pra completar, muita, mas muita, diversão! 

Bang é um jogo de 3 a 7 jogadores, porém é possível aumentar o número máximo de jogadores ao juntar duas caixas de jogo. Foi exatamente o que fizemos: juntamos as duas caixas e inserimos, além do Xerife, dois Vice-xerifes, quatro Fora da Lei e um Renegado. Jogamos várias vezes durante a noite, e a agitação foi tamanha que tivemos um pequeno acidente com dois copos de cerveja, tragicamente derrubados sobre o jogo. Aliás, não esqueçam de tirar os copos da mesa antes de jogar!
Bang, card game italiano distribuído no Brasil pela Grow: garantia certa de muita risada com os amigos.


Continuamos a jogatina com uma partida rápida de Camel Up, a qual já fizemos resenha aqui no Blog. Foi uma oportunidade pra testar a capacidade máxima de oito jogadores. A galera até curtiu Camel Up, não tanto quanto Bang e Don Capollo, porém, confesso que o jogo não flui tão bem como ocorre com menos jogadores. Como cada jogador executa apenas uma ação por turno, até chegar a sua vez todo o cenário do jogo está alterado. Desse modo, o controle e estratégia cedem espaço para a pura sorte nos dados. Por isso, enquadraria Camel Up como um family game, por ser um jogo mais agradável e leve para jogar com a família ou grupos menores de amigos.

Camel Up: boardgame para jogar com a família ou pequenos grupos de amigos. 
Por fim, com a galera um pouco cansada de toda a agitação dos jogos, partimos para o Black Stories, o party game mais fácil de assimilar as regras que já joguei. Black Stories é um jogo de adivinhação, no qual um dos jogadores narra um enigma macabro e os demais participantes precisam deduzir qual foi a sucessão de eventos que causaram tal incidente. A dedução ocorre por meio de questões elaboradas pelos participantes, as quais o narrador se limita a responder "sim", "não" ou "indiferente". Foi um bom party game para baixar um pouco a rotação do grupo que já se preparava para ir embora. 


Black Stories: o jogo macabro, ótimo pra encerrar a noite e todo mundo dormir bem!

Se você pensou que a nossa Board game night estava encerrada, enganou-se por completo. Como somos boardgamers maníacos, após metade do grupo partir - lá pelas quatro horas da manhã - ainda encontramos forças para jogar Ubongo, uma espécie de tetris analógico no qual os jogadores precisam montar um puzzle com peças coloridas em diferentes formatos. A emoção do jogo está na ampulheta, que delimita o tempo no qual os jogadores devem, simultaneamente, resolver puzzle e coletar duas gemas no tabuleiro. É claro que pelo horário e o teor alcoólico de alguns, não estávamos ostentando a melhor forma no jogo, ainda mais para um jogo que exige rapidez e destreza. Ainda assim, Ubongo garantiu mais um pouco de diversão para o saldo final da noite.

Ubongo é um family game abstrato, com a mecânica de colocação de peças: uma "corrida" contra o tempo.
Fica registrada a nossa jogatina e depois de toda a diversão aguardo ansiosamente a próxima experiência de party games com a galera.

Até a próxima Board game night!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Admirável Camel Up


Camel Up é um jogo de tabuleiro criado pelo game-designer Steffen Bogen, vencedor do Spiel Des Jahres de 2014, prêmio para os melhores board e card games do mercado alemão. 

Em Camel Up, cada jogador se transforma em um rico apostador de camelos que disputam uma corrida no deserto repleta de reviravoltas. O jogo surpreende pela beleza de sua identidade visual, inspirada nas tradicionais corridas de camelo que ocorrem em países como o Egito, Quênia, Sudão, Austrália e Arábia Saudita. 

A mecânica de Camel Up envolve apostas, rolagem de dados e movimentação. Os resultados dos dados permitem que os jogadores tracem estratégias para as suas apostas, garantido certo nível de controle sobre os desdobramentos do jogo. Logo, se você joga Camel Up achando que a aleatoriedade dos dados domina por completo o andamento do jogo, ainda não captou os raciocínios possíveis para uma boa aposta numa corrida de camelos. 

Vale a pena adquirir Camel Up?

Camel Up é um jogo bastante versátil, que agrada jogadores novatos e mais experientes. Os pontos positivos se concentram na beleza da arte, na qualidade das peças e na mecânica simples do jogo. 
Além disso, Camel Up facilmente irá para a mesa, pois pode ser jogado por duas, três,  quatro e até (pasmem!) oito pessoas. Mesmo com dois jogadores, Camel Up ainda surpreende quando o quesito é diversão. 

A grande atração do jogo fica por conta de uma pirâmide de papel cartonado, utilizada para revelar o resultado dos dados. A pirâmide é montada como um sólido geométrico e constitui, por si só, uma experiência única para o jogador. 

Considero Camel Up altamente indicado para aqueles que desejam adentrar no admirável mundo dos jogos de tabuleiro. Será sempre uma boa opção para uma jogatina com amigos e familiares. Em relação aos jogadores mais experientes, é possível que não se empolguem tanto com o jogo, principalmente se preferirem jogos de maior complexidade. No entanto, mesmo para esses jogadores sempre é bom ter jogos mais simples na coleção para a introdução de jogadores novatos no universo dos boardgames. 

O único ponto negativo que observei em Camel Up diz respeito ao Manual de Regras. Como a Conclave, distribuidora do jogo no Brasil, não adaptou a versão portuguesa do manual, a disposição das regras ficou um tanto truncada, o que não chega a prejudicar a execução do jogo. 

Camel Up: um jogo bonito aos olhos do jogador!

Como se joga Camel Up?

Durante toda a partida de Camel Up, os jogadores apostam em cinco camelos de diferentes cores (azul, verde, laranja, amarelo e branco) e visam obter o maior lucro possível em suas ações. 
Apostadores de Camel Up: a cara da riqueza!
As apostas ocorrem por meio de cartas específicas que são mobilizadas constantemente pelos jogadores ao longo da partida. A movimentação dos camelos no tabuleiro é realizada pelos dados revelados pela pirâmide. Em um primeiro momento, achei que a pirâmide possuía apenas a finalidade de ornamentar o jogo, configurando-se como um recurso dispensável para a sua mecânica. No entanto, após algumas partidas, percebi que a pirâmide é um mecanismo bastante criativo para revelar aleatoriamente as cores dos dados de camelos. Em Camel Up, faz toda a diferença qual dado será revelado primeiro, tendo em vista a maneira como os camelos se movimentam no tabuleiro. Além disso, admito que a pirâmide aumenta a sensação de suspense em relação ao resultado dos dados.

Conforme os dados são gradativamente revelados, os camelos são reposicionados na pista de corrida. Quando dois ou mais camelos ocupam o mesmo espaço do tabuleiro formam imediatamente uma pilha de camelos, também conhecida como unidade de camelo. O camelo do topo da pilha ocupa o primeiro lugar, enquanto o camelo da base encontra-se em último lugar. Quando um camelo do meio da pilha se movimenta, leva consigo os camelos superiores.

Camelos coloridos posicionados conforme os respectivos dados. Observe que o camelo amarelo encontra-se em primeiro lugar e o branco ocupa o último lugar na corrida.

Durante toda a partida, os jogadores dispõem de quatro ações possíveis, das quais deve escolher somente uma por vez:

a) Utilizar os azulejos do deserto.

Cada apostador recebe, logo no início do jogo, uma peça denominada azulejo do deserto, que deve ser posicionada, a critério do apostador, no tabuleiro de corrida. Cada vez que um dos camelos estacionar no azulejo do deserto o apostador ganha 1 libra egípcia. 

Cada um dos lados do azulejos possui uma função. O oásis permite que o camelo estacionado avance uma casa, já a miragem faz com que o camelo retroceda uma casa. Portanto, trata-se de uma peça que possui utilidade estratégica para os jogadores, permitindo que determinados camelos avancem ou recuem na corrida. 

b) Pegar um azulejo de pirâmide.

Em sua ação o jogador pode pegar um dos cinco azulejos de pirâmide que possui a utilidade de revelar os dados da pirâmide. Os camelos se movimentam conforme os valores tirados no dado, avançando 3, 2 ou 1 espaço(s). Desse modo, o turno se completa quando o último azulejo é escolhido pelos jogadores, revelando o último dado da pirâmide. Ao iniciar novo turno os azulejos de pirâmide retornam para o tabuleiro, assim como os azulejos de aposta.


c) Pegar um azulejo de aposta.

Permite que os jogadores, durante os turnos de movimentação dos camelos, apostem em resultados parciais da corrida. Conforme os camelos realizam suas ações de movimento, os jogadores podem lançar apostas que valem 2, 3 e 5 libras egípcias. Os valores das apostas são abertos e limitados, motivo pelo qual é preciso muito cálculo e estratégia para não sair no prejuízo. 

Após a pirâmide revelar todos os dados e os cinco camelos tiverem sido reposicionados no tabuleiro, os apostadores recolhem os valores parciais de suas apostas. Os jogadores que apostaram no camelo vencedor do turno, ganham o valor da libra egípcia que corresponde ao azulejo de apostas. Os que apostaram no segundo, ganham somente uma, e os que apostaram no camelo que ficou por último perdem uma libra egípcia.

Azulejos de apostas: cada camelo possui três azulejos de aposta nos valores de 2, 3 e 5 libras egípcias.


d) Apostar no camelo vencedor e no camelo perdedor da corrida: 

No decorrer da partida, os jogadores podem apostar, secretamente, nos camelos vencedor e perdedor. (É isso aí, esse grupo de apostadores são tão gananciosos que até mesmo perder a corrida já vira motivo de aposta!). 

A aposta dos camelos deve ser realizada a qualquer momento do jogo e são reveladas apenas no final da partida.

Aqueles apostadores que primeiro realizarem a ação de aposta final da corrida e acertarem a indicação do camelo ganham mais libras egípcias do que os jogadores que apostaram depois.

Término da corrida:

No final da corrida, quando o camelo vencedor cruzar a linha de chegada, os valores arrecadados pelos apostadores são contabilizados. Ganha o jogador que totalizou maior valor de libras egípcias. Caso haja empate no montante de dinheiro dos jogadores, esses dividem entre si o valor.

Tempo de jogo:


A partida é extremamente rápida, variando de quinze a quarenta minutos. Mesmo com um maior número de jogadores o tempo de partida não é alterado substancialmente.

O jogo possui expansão?

Para os ávidos por novidades e viciados em Camel Up, a resposta é sim! A Conclave publicou a expansão Supercup, a qual pretendemos postar em breve a resenha. 


Hasta la vista, ludonautas!